e da minha infinita tristeza aconteceu você
28.1.02
tenho tocado violão. o suficiente para achar que até levo jeito. se alguém que realmente sabe me der alguns toques, até que posso ficar ok. bem, bem, bem eu nunca vou tocar, nao. mas os vizinhos vao se sentir bem melhor se minha mao direita melhorar... posso até atender pedidos, qualquer coisa fora do axé-pagode-sertanejo. ah, e sozinho eu também me recuso! agora, peça um leãozinho ou menino do rio pra ver se nao sai bem direitinho!!! ô coisa ridícula!!!
caralho de asas voador!!! o peter chega amanhã!!! eu nao acho que esteja psicologicamente preparada... bom, as pessoas têm me enchido a paciência com perguntas que giram em torno do "e aí", pelo fato d'ele ser meu ex-qualquer-coisa. qualé, negada??? que mania feia essa de achar que, uma vez caso, sempre caso??? já nao falei que nesse americano nao amarro mais meu burro??? e nao por nada, é só porque, para ser bem clichê, águas passadas nao movem moinho. ô negócio difícil de entender...
mas, por acaso, eu já tive recaídas? com rodrigo, manoel, roberto, glauber, andré, sacha??? NÃO!!! entao nao me encham o saco!!!
22.1.02
caralho news
o invasor, do bonitinho do beto brant levou o prêmio de melhor filme latino-americano no festival de sundance. claro, sundance é o festival mais importante dos USA, o que significa boas chances do filme fazer carreira internacional. muito embora esse prêmio já tenha ido para dois outros filmes brasileiros (sertao das memórias, do zé araújo, e amores possíveis, da sandra wernek), esta vitória tem sabor especial, pois o invasor é um filme autenticamente paulistano, e um dos melhores do novo cinema ressurrecto brasileiro. aliás, amores possíveis é uma besteira enorme, e o sertao das memórias é, digamos, difícil de assistir...
além de tudo, o filme do beto é um dos poucos que ousa e consegue falar do brasil contemporâneo de verdade. mérito dos roteiristas -o excelente marçal aquino e o bonitinho do renato ciasca- e do próprio beto, além, é claro, do elenco, sobretudo da surpresa total do paulo miklos e seu impagável personagem, o invasor anísio. há que se lembrar do rapper sabotagem, que dá vida ao anísio através dos diálogos paulistanamente impecáveis, que soam como música numa indústria ÁUDIOvisual impregnada pelo já estereotipado xiado carioquês.
nenhum filme brasileiro desta geraçao falou tao apropriadamente do brasil, das questoes mais preementes que abalam este paizinho, como beto neste invasor. nem central do brasil e bicho de sete cabeças -caricatos demais-, nem muito menos eu, tu, eles ou coisas do gênero, que se apropriam do pitoresco do passado eterno que é o nordeste para encher os olhos dos gringos com fotografia a la kodak e uma crença de que oh, como eles sao exóticos!...
o invasor é filme de macho, em todos os aspectos, e fala deste país como todos deveriam, no roteiro, nos personagens, na linguagem. engraçado é que o beto contraria aquele estereótipo do auteur, falando enrolado como só ele, sem muitas teorias, num entusiasmo quase infato-juvenil: "bitcho, defende a tua luz, meu!!!"
É NÓIS NA FITA, MANO!!!
mas nao se assustem ou pensem que eu estou chorando pelos cantos. minha estada nesta cidade está longa demais, mas faz parte. wim wenders e aprendenders. alguns kava kava por dia, sair com amigos tantas vezes por semana, esperar o peter chegar, tentar estudar (mas como é que se concentra neste campo de guerra?...) e pensar que em julho eu nao devo vir por aqui.
lembrar de tudo isso quando bater a saudade e a sensaçao de que a vida em fortaleza é melhor do que em sao paulo!
este blog está um saco!!!
mais de 20 anos acostumada a associar qualquer batida de porta mais forte, barulho de talher mais estridente, voz um pouquinho mais alta ao perigo iminente de um barraco daqueles me transformaram numa pilha de nervos. sério. este blog aqui tá um pé no saco exatamente porque eu só entro para reclamar da vida, mas esta casa aqui está me enlouquecendo!!!
agora, por causa de uma palavra errada na hora errada da minha mãe, o tempo fechou legal. e eu optei por sair correndo da mesa do almoço, onde o nosso personagem favorito agia com toda a delicadeza que Deus lhe deu, sob pena de ter uma crise nervosa e surtar de vez (eu, nao ele). aqui em frente ao computador, nó na garganta, vontade de explodir. tudo por causa de 1 frase errada na hora errada.
é uma casa de malucos. todos nós. se eu nao era, fiquei. o grau de ansiedade em mim definitivamente está muito além do normal. nao consigo dormir, nao consigo fazer nada. tenho tido pesadelos toda noite ou simplesmente sonhos estranhíssimos. desde sonhos em que eu estou namorando o hiltinho lacerda (!!!) a pesadelos sobre ataques nucleares aos estados unidos enquanto eu estou lá. meus músculos dóem, sobretudo aquele nó no trapézio que deixa todo mundo passado de tao rígido que é.
que vida imbecil!!!
18.1.02
família eh
família ah
família
enquanto meu pai tenta me convencer por tudo que sabe exatamente o que fazer para transformar minha cabeleira encaracolada num mar sedoso e comportado, e eu fujo de suas garras que tentam pentear meu cabelo crespo!!! (qualquer pessoa com cabelo crespo sabe que nao se penteiam cachos...); minha irmã berra porque nao tem roupa para sair (entre as cento e cinquanta peças que constam em seu guarda-roupa), e minha mãe suspira, provavelmente pensando, onde foi que eu errei?...
uma vez, conversando com marielieren, descobri que nao é "privilégio" meu ter um pai dono da Verdade, com V maiúsculo mesmo. o meu, nao só discutiu a anestesia de sua operaçao com a equipe de anestesistas e disse que o cirurgião nao entende nada de coluna vertebral -meu pai é engenheiro-, como se nega a escutar qualquer coisa que eu tenha a dizer sobre cinema. nao só isto, ele faz questao que eu escute o que ele tem a dizer sobre cinema, para que eu aprenda um pouco com ele.
na lista de expertises dele, consta também: cabelos crespos, doenças e remédios em geral (da alopatia à homeopatia e medicina molecular sobretudo), futebol, aviaçao, inglês e outros idiomas, operaçoes financeiras, música de todas as épocas, mas sobretudo bossa-nova, literatura, bares e restaurantes do mundo inteiro, gastronomia de modo geral, geografia política, política, tecnologia e filosofia. para citar as que entrarm em pauta nas últimas conversas. digo, monólogos.
17.1.02
carnaval, lesson 4
as for the hotel room, heck, it has bathroom and even ar conditioning!!! and two single beds.
carnaval, lesson 3
the easiest and cheapest drink is beer. of course, being a girl in a street event, i try not to drink things that make me want to go to the bathroom too often. i told you, think "war": are there public bathrooms in no man's land??? well, there will be bathrooms there all right, not too many, not too nice. but you won't get arrested, heck, not even noticed for peeing in public agains a wall. girls don't get to do that, though.
carnaval, lesson 2
the whole point is to get drunk. oh, yes, there's the cultural meaning too: the parade, the typical bands, the dancing. the other point is to hook up with beautiful people on a daily basis. different beautiful people. (not that everybody does that...)
at night, there are the concerts and a more civilized type of fun. or so i hear. mangue beat concerts all around, more artsy type of people. hey, we might even get to sit down somewhere!
carnaval, lesson 1
think war: no men's land, but with music, costumes, dancing, liquor, fun. party is on the street, 24 hours, even though only highly experienced pros can endure that long. aparell: shorts, t-shirt, sneakers. hat, if you're gringo and tan too easily. in your pockets: id, a little piece of paper stating "peter lang, blood type, hotel address, in case you find me passed out on the street, deliver me to the hotel and i will reward you in dollar". and money. not too much, in case you get mugged.
hope i'm not scaring you. look at it this way: if little chubby monkey can face it, so can you.
ontem, aliás, descobri que sou um "verdadeiro dicionário de cearensês ambulante", segundo a amiga da verônica... valei-me nosso senhor jesus cristo que é muito mais, eu???
ai, cazzo!... este estado "planta" já está me deixando inquieta... depois de um mês, começa a bater o medo de voltar p sao paulo...
sao duas vidas completamente diferentes, acostumar-se a uma implica em desacostumar-se da outra. pelo menos temporariamente. aqui, vivo o stress familiar, mas solidao nao é um problema. acostumo a ser "planta" de tao segura que fico com meus amigos e minha família. sair na rua é tropeçar em gente conhecida. em sao paulo, nao tenho o stress familiar, mas a solidao ronda e há outros stresses...
ai negócio difícil...
uma das coisas boas de ser cineasta é poder fazer reuniao em mesa de bar. ontem, o resultado da reuniao foi uma caixa de cervejas, novos verbetes para o dicionário de cearensês e, claro, um acordo quase fechado de montagem do curta da verônica.
aliás, o bar do ciço, nosso escritório, é mesmo ímpar. birosca, fruto da união de amigos bebuns, que se associaram. mesmo: tem carteira, cédula eleitoral, mandato gestor, foto do presidente e até cartao de ponto. e o relógio de ponto!
mas impagável mesmo é o aquário enorme com o cartaz de "pesque e pague: R$2.00"!
eu e os ácaros de fortaleza até que estávamos nos entendendo bem, mas hoje, houve conflito. comecei a espirrar de manhã e resisti bravamente até apelar para as drogas pesadas: claritinD e sono. a excursao ao poderoso feijao do bené foi adiada, também por ajuda de sao pedro, e eu tirei um cochilo forçado das 19h às 21h30. claro, vai dar tempo de assistir a todos os seriados da sony e ainda ler 1/3 de crime e castigo com a insônia que vai pintar esta madrugada. e os espirros ainda nao pararam!
vou perder a virgindade: carnaval em recife, pela primeiríssima vez. só o gringo do peter dando o ar de sua americana presença por estas plagas para me fazer sair do estado "planta" e me lascar para terra de ninguém carnavalesca. hmmm... eu esqueci de perguntar se o quarto tem banheiro... dá p justificar quase tudo para um novaiorquino cabeça, menos banheiro coletivo. ora, para ele, nao, quem nao quer banheiro coletivo sou eu!!!
15.1.02
da série TPM, breve numa mulher perto de você
contra-indicaçoes no período pré-menstrual: café, açúcar, sal. nada que eu nao consiga passar sem por alguns... minutos! é claro que eu posso passar a viver de chá de camomila e frutas. daí, eu aproveito e entro na yoga, viro vegan, me abstenho de sexo, largo a cerveja de uma vez por todas, troco o cinema pela música indiana, sao paulo por guaramiranga e TODOS os meus problemas estarão resolvidos!
14.1.02
nao me responsabilizo pelos meus atos. sou uma vítima! a ansiedade, a vontade de bater em alguém, o mau-humor patológico estao se deixando notar paulatinamente. a irritabilidade vem em graus que deixariam a OMS preocupada. kava kava, urgente, antes que alguém tome um bofete. nem que virtual.
nao é culpa minha, eu já falei. entao, é melhor mesmo que eu fique em casa, estudando, vá à praia só tomar um bãezim de mar, que só faz bem à saúde, e me mantenha longe daqueles que poderiam provocar vontade incontornável de violência. ponto.
mais um dia sem praia na terra do sol que, depois de dias, faz valer seu nome. hoje, como sempre, foi preguiça mesmo. ciclo cumulativo: quanto menos se faz, menos se quer fazer... mas eu vou já, já criar vergonha nesta cara safada e ir à praia, nem que seja só para tirar o bolôr.
depois, estudo sério, que meu orientador reaporta em solo tupiniquim hoje e, tirando o fato d'ele ser mais distraído do que eu, vai estranhar nao ter nada meu p ele em seu inbox. ai, culpa...
ciclos
depois da bordoada, vem o arrependimento. e o ciclo, entre uma bordoada e outra, varia. pode durar dias, até semanas. meses, de vez em quando. a sobrevivência consiste em fazer de conta que que o entre-bordoadas é que é o normal, que as bordoadas sao exceçoes, e que "tudo vai ficar bem". todos nós somos muito bons nesta técnica, a negaçao. uns melhores do que os outros. é que a gente aprendeu que resolver o problema é demorado, complicado e pode muito bem nem dar certo.
entao, tá, entao. vamo com a maré...
10.1.02
a dose semanal de stress familiar
bem que eu perguntei pros meu botões quantos dias -se é que dias- iria durar o bom humor do sr. meu pai depois de tamanho display de amor de sua família em seu aniversário. no fundo, eu sempre soube que nada mudaria, mas tinha a esperança que durasse mais que 5 dias.
disse ele, depois que eu me mostrei indisposta a ver alguma coisa que ele havia gravado da tv:
-gravei isto para mostrar p vc a criatividade que vc nao tem.
um doce comentário para alguém que se deu o trabalho de fazer a porra de um vídeo para homenageá-lo na frente dos amigos e que ele, pelo menos na hora, disse que gostou. tudo bem, ele estava, sim, ligeiramente under the influence, as usual. mas isso nao diminui nada. na verdade, o comentário eu relevo, sei que ele é capaz de dizer qualquer coisa assim. o que eu nao aguento mais é o alcóolatra em eterna negaçao, que diz achar sua vida um inferno, e a culpa é minha, da minha mae e da minha irmã, para dizer o mínimo.
talvez nao devesse lavar tanta roupa suja neste blog público. há amigos que nem desconfiam de tudo isso que talvez leiam isto aqui. too bad. i write it for myself.
9.1.02
como é bom ser paga pelo governo para jogar videogame!!!
claro, depois de 5h seguidas de shenmue, sinto um cheiro de fumaça onipresente difícil de identificar, mas só pode ser do meu cérebro, ou do que sobrou dele. o pior é que maconha e games sao incompatíveis, já que um tapinha dói muito na minha agilidade. o melhor seria uma parada antes e dois lexotan depois. hmmm, talvez tenha sido isso que matou cassia eller...
8.1.02
vida de cachorro
a casa estava em reforma e havia um buraco do tamanho de um tijolo. o cachorro provavelmente achou uma boa oportunidade para observar o movimento da rua e enfiou seu fucinho no buraco, o queixo apoiado no chao. talvez tenha de fato apreciado o movimento até perceber que estava preso. quando passei de carro, um homem, talvez empregado da casa, dava leve marretadas no muro, tentando libertar o cachorro, que nao parecia muito preocupado com a situaçao, exibindo aquela cara tranquila que mais parece um sorriso, sem saber que a cada marretada corria o risco do muro cair na sua cabeça. boca aberta e língua pra fora, olhava os transeuntes de se achegavam, honestamente compadecidos do sofrimento do bicho. eu também.
quando mais tarde voltei pra casa, por outro caminho, pensei em passar em frente aa casa p ver se o cachorro havia sido libertado. mas desisti, convencida de que era uma preocupaçao banal.