mais do que nunca, john lennon está certo: life is what happens to you while you're busy making other plans.
feliz 2003 para todos nós!

da série: trilha sonora do meu sentimento, parte VII
(céu ensolarado. cor estouradíssima. nuvens passam lentamente)


Oração ao Tempo
(Caetano Veloso)

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que eu te digo
Tempo tempo tempo tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definitivo
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo

da série: trilha sonora do meu sentimento, parteVI
(externa, dia ensolarado. plano-sequência, ponto de vista do personagem: eu. cor estourada, super 16mm, como copacabana mon amour. non sense.)


Tigresa
(Caetano Veloso)

Uma tigresa de unhas negras
E íris cor de mel,
Uma mulher, uma beleza
Que me aconteceu.
Esfregando a pele de ouro marrom
Do seu corpo contra o meu,
Me falou que o mal é bom e o bem cruel.
Enquanto os pelos dessa deusa
Tremem ao vento ateu,
Ela me conta sem certeza
Tudo o que viveu:
Que gostava de política
Em mil novecentos e sessenta e seis
E hoje dança no Frenetic Dancing Days.
Ela me conta que era atriz
E trabalhou no Hair,
Com alguns homens foi feliz
Com outros foi mulher.
Que tem muito ódio no coração,
Que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor.
Mas ela ao mesmo tempo diz
Que tudo vai mudar,
Porque ela vai ser o que quis
Inventando um lugar,
Onde a gente e a natureza feliz
Vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão.
As garras da felina
Me marcaram o coração,
Mas as besteiras de menina
Que ela disse não,
E eu corri pra o violão num lamento,
E a manhã nasceu azul,
Como é bom poder tocar um instrumento.

da série: trilha sonora do meu sentimento, parte V
(carlos, dizendo, suavemente, sobre imagens em p&b, grão enorme, super 8mm)


Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão
se é que virão

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.

(Não se mate, Carlos Drummond de Andrade)

da série: trilha sonora do meu sentimento, parte IV
(interna, dia. câmera fixa: poltrona vazia.)


Asa Partida
(Fagner e Abel Silva)

Essa saudade, o cigarro a luz acesa
e a noite posta sobre a mesa
em cada canto da casa
Asa partida e dor
gemido morto amor
tão longe vai, tão longe vou
no vem sem rumo é assim mesmo
Eu não queria a vida desse jeito
o meu olho armando bote sem futuro, fumaça
E continua o teu sorriso no meu peito
Essa saudade, o cigarro a luz acesa
e essa noite posta sobre a mesa
em cada canto da casa
Asa partida e dor
gemido morto amor
tão longe vai, tão longe vou...

da série: trilha sonora do meu sentimento, parte III
(interna, dia/noite. planos descontínuos, câmera na mão: mulher se desespera. joga coisas, quebra coisas. exaustão. dorme.)


Amor, Meu Grande Amor
(Angela Rô-Rô).

Amor, meu grande amor,
Não chegue na hora marcada,
Assim como as canções,
Como as paixões e as palavras
Me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada,
Me sinta sem saber
Se sou fogo ou se sou água.

Amor, meu grande amor,
Me chegue assim bem de repente,
Sem nome ou sobrenome,
Sem sentir o que não sente,
Que tudo que ofereço
É meu calor, meu endereço,
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo.

Amor, meu grande amor,
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira,
Enquanto me tiver
Que eu seja a última e a primeira,
E quando eu te encontrar,
Meu grande amor, me reconheça,
Que tudo que ofereço
É meu calor meu endereço,
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo.

da série: trilha sonora do meu sentimento, parteII
(interna, noite: janela, chuva. eternamente. cor, baixo contraste.)


Eu Te Amo
(Chico Buarque/ Tom Jobim).

Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir?

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...

Se nós, nas travessuras das noites eternas,
Já confundimos tanto as nossas pernas,
Diz com que pernas eu devo seguir...

Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu...

Como, se nos amamos feito dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair?

Não, acho que estás te fazendo de tonta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...

da série: trilha sonora do meu sentimento, parte I
(um banquinho, um violão. música fora de sincronia. planos descontínuos. super16mm, cor, câmera fixa)


Regra Três
(Vinícius de Moraes/Toquinho).

Tantas você fez
Que ela cansou,
Porque você, rapaz,
Abusou da regra três,
Onde menos vale mais.
Da primeira vez
Ela chorou
Mas resolveu ficar.
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes
No seu penar.
Depois perdeu a esperança,
Porque o perdão também cansa
De perdoar.
Tem sempre o dia em que a casa cai,
Pois vai curtir seu deserto, vai,
Mas deixa a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza
Quiser entrar
E uma bebida por perto,
Porque você pode estar certo
Que vai chorar.

puta que pariu

(é tudo o que a blogueira tem a dizer sobre sua própria vida nesta cidade de merda).

severino acha R$12.720 de bom tamanho

agora eu entendi por que gil achou que R$8.000 é pouco: se os parlamentares podem ganhar R$12.720 e mais todas aquelas ajudazinhas de custo, R$8.000 é realmente uma merreca. E OS PALHAÇOS SOMOS NÓS!

gil fundiu a cuca de vocês

R$8.000 é pouco e gilberto gil disse que quer não, ministério, não... só se puder continuar sendo cantor. gil (apesar da impropriedade da resposta) é que está certo: ele é cantor. cantor, entendeu, luiz inácio? que diabos deu em ti, presidente-eleito-diplomado? que porra é essa de indicar gil para o ministério da cultura? será um lance de rara genialidade ou eu posso realmente iniciar minha lista de decepções com o governo?

porra, o ministério da cultura, assim como o de esportes, sempre foi considerado uma bobagem. importante é a fazenda, o planejamento, a casa civil... tsc, tsc, tsc, francamente, luiz... será que isto é a confirmação de uma mania muito feia da esquerda, um ranço marxista de achar que só a economia salva? de achar que o papel da cultura e do esporte é tirar pobre da rua? e o que diabos o gil pode ter de projeto para a cultura nacional? ou é um ministro factóide, um nome glamouroso para um ministério regido por uma eminência parda?

eu ainda estava remoendo o nome do meirelles para o BC, e pensando com os meus botões que eu realmente não entendo o suficiente de economia para ter uma posição sólida sobre a questão tostines do momento: o presidente do BC tem que se entender com o mercado para o brasil sair do buraco, ou o brasil tem que sair do buraco para o BC se entender com o mercado? como a economia virou essa seita esotérica, eu não sei dizer. ouço meus amigos "radicais", capitaneados pela senadora heloísa helena, me dizerem que a política econômica tem que mudar radicalmente, e com um presidente do BC comprometido com os interesses banqueiros, não vai, não. por outro lado, ouço os tucanos e os moderados me dizerem que não dá para ir com tanta sede ao pote... não sei, 100% de não sei. economia, para mim, está cada vez mais parecido com metafísica.

mas de cultura eu entendo uma coisinha ou outra. e o gil é cantor. CANTOR. o bem que ele pode fazer à cultura nacional ele já faz há anos. a irresponsabilidade de colocar qualquer pessoa no comando da cultura de um estado não é algo que o partido dos trabalhadores comete pela primeira vez. o secretário de cultura da cidade de são paulo, que é um quadrúpede, serve de prova. agora, num partido que tem uma equipe enorme pensando a cultura, em seus mais diversos aspectos, encabeçado por gente como antônio cândido, indicar gilberto gil é, no mínimo, uma bruta ingenuidade. sinceramente, seu luiz inácio...

gerador de letras tribalistas: estudo de caso II

maga malabares:

maga malabares
acqua maran
o parquinho, oxaiê

quem esteve aqui
viu barquinho
de ladeira
ancorar no misteriô

(...)

os anjos de onde vem
sua vida bem vinda
na trilha
os livros não são sinceros
quem tem Deus como mistério
no mundo não está sozinho
ouvindo sininhos

eu sei bem quem é que está ouvindo sininhos...

gerador de letras tribalistas: estudo de caso I

e para quem acha um exagero, estudemos os seguintes casos: 1) água mineral

olha, olha, olha
olha a água mineral
água mineral
água mineral
água mineral
do candeal
você vai ficar legal
tererê
tererê
tererê

poético, não? eu diria que tem um quê de dadaísmo, surrealismo, cubismo, hiper-realismo. ou será bobagem mesmo?

tribalistas mega lyric generator tabajara

o mundo perfeito se supera! atento às últimas notícias do mundo cultural e científico, e preocupado com o acesso democrático à cultura, a editora disponibilizou o gerador de letras tribalistas, para que qualquer pessoa, ou gorila, possa ganhar dinheiro juntando palavras aleatoriamente e chamando de letra de música, como nossos 4 amigos tribalistas. depois, basta acrescentar uma pose esnobe, um mecanismo anticópia e um falso apelo popular e você pode se considerar um autêntico tribalista.

eis o meu mais novo sucesso tribalista:

Menos e mais


Aportei em icapuí, berlim
Dois mais dois é igual a mais
É hora de correr, hora de amar
Avistei homem
Quero sono no salão sério

Bis

Lesera linda likes me
É hora de correr, hora de amar
Sossega meu pai, oh yeah!
Sou menos e sou mais maria
Sou eu e sou nós
Balanço bonito, não brinque
É hora de correr, hora de amar


(Repita 75 vezes até que alguém cometa suicídio.)

no meio do caminho, havia um diploma

a ficha cai aos poucos: toda vez que eu lembro que o homem de terno armani foi um retirante, que veio para são paulo de pau-de-arara, vendeu tapioca no porto de santos, foi engraxate... me dá um arrepio na espinha. para o que vem pela frente, 100% de não sei. não sei, não sei e não sei. é uma questão de fé. mas ter um presidente que chora ao ser diplomado, de verdade, sem showzinho, talvez seja o único caminho possível para a salvação. porque, a esta altura, há que se ter algum sentimento além dos diplomas.

uma mulher qualificada!!!

deu na folha de sp:

FHC gasta US$ 70 mil em viagem

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso gastou mais do que o previsto em sua última viagem oficial no cargo, a Nova York. Em vez dos US$ 35.140 estimados, a comitiva presidencial utilizou US$ 70.040, equivalente a cerca de R$ 266 mil pela cotação de ontem. FHC deixou o Brasil na noite de domingo e retornaria hoje.
O motivo, segundo a Folha apurou, foi a grande quantidade de pessoas. São cerca de 30, incluindo os ministros Celso Lafer (Relações Exteriores), Paulo Renato (Educação) e Barjas Negri (Saúde). A atriz Regina Duarte viajou como convidada, tendo as despesas custeadas pela União.
Os três filhos de FHC, Beatriz, Luciana e Paulo Henrique e três dos cinco netos do presidente viajaram com a comitiva, mas os gastos com hospedagem e alimentação não são pagos pelo governo.
Fernando Henrique Cardoso foi aos EUA para receber o prêmio Mahbub ul Haq, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), pela melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil.
Apesar de acima do esperado, os US$ 70.040 não representam a conta final. O demonstrativo entregue à missão brasileira na ONU (Organização das Nações Unidas), que organizou a visita de FHC, não contempla, por exemplo, ligações telefônicas.
A Folha tentou, durante toda a tarde de ontem, ouvir a assessoria de imprensa da Presidência, tendo deixado três recados. O assessor responsável, Geraldo Moura, estaria em reunião, impossibilitado de atender a telefonemas.



então era disso que a dona regina tinha medo: de perder a bocada, né? muito bem, FH...

um dia na vida - parte I: filosofia

depois de ter jogado 2h30 de tetris, ter ido dormir às 4h30 da madrugada, de ter acordado às 8h30, de ter lido nélson rodrigues por duas horas, de ter voltado a dormir, acordei para a vida por volta das 13h. o roomate tinha acabado de voltar do trabalho e estava excursionando a internet. eu, deitada na rede, lia filosofia alemã. (não me tomem por algo que eu não sou: tenho enorme interesse em filosofia, sobretudo a alemã; meu conhecimento sobre ela, infelizmente, é inversamente proporcional ao meu interesse. por isto, lia). gadamer, verdade e método I e sua ontologia da obra de arte, onde ele fala sobre o conceito de jogo. fascinante! para me concentrar, lia em voz alta. não tão alta, quase sussurros, para não atrapalhar o roomate, mas em voz alta, mesmo assim. bem no meio de uma frase quase incompreensível:

- GASP! ai! um mosquito! eu engoli um mosquito!, disse, tossindo, mas já era tarde e o pobre mosquito estava sendo envolvido pelos meus sucos gástricos. meu roomate caía da cadeira de tanto rir.

eu devia ter entendido ali que o dia não seria qualquer dia...

e por falar em cinema histórco fechando... o cine belas artes apresentou sua última sessão ontem à noite. bem ao estilo dos artistas e intelectuais cariocas, já foi criado, pelos artistas e intelectuais paulistanos, e tarde demais, talvez, o movimento viva o belas artes, com propostas para a revitalização do cinema e do entorno, os cruzamentos da paulista, consolação, dr. arnaldo e rebolças. faço votos que o movimento tenha sucesso.

e, se nada mais der certo: que tal criar uma LAN house high tech lá?

(fonte)

cinema vira casa high tech de jogos multiplayer. não aqui, em san diego, califórnia. too bad, mesmo sendo contra o fim de históricas salas de cinema. mas já que é para elas terem fim, em vez de virarem igrejas universais, bem que poderiam virar LAN houses de ps2, gc e msxbox. com cada console a seus módicos US$300 e alguma coisa, vai demorar até isto acontecer aqui no brasil. e quando eu finalmente juntar dinheiro para comprar um ps2, ele já vai ter saído de linha.

digam oi para a stella! essa coisinha fofinha deu o ar de sua graça neste planeta há coisa de uns 10, 15 dias, lá nas noviorque, para a felicidade de suas mamães. é: suas mamães. duas. lindas, gentes finas, felizes da vida. para quem insiste em achar que família é uma coisa só. mais um motivo para começar a ganhar dinheiro na vida e visitar ny de novo.

quem topa ir comigo ao show do zé renato?

(hoje, 22h, no supremo musical, R$15 de entrada. não é o melhor lugar, nem o melhor preço, mas o zé vale tudo.)

constrangedor e desnecessário

Cartas (Jornal O Povo)

[04 Dezembro 07h14min]
Madame Satã
João Francisco dos Santos vivia na Lapa, Rio de Janeiro, onde dividiu grande parte de sua vida entre a boemia e o cárcere. Tendo sua rica história com fio condutor, Karim A‹nouz ambienta o filme a partir de 1932, ano este em que o protagonista saiu da prisão.
Madame Satã? Sim, seu nome tem origem no filme homônimo pelo qual se apaixonara. Sensibilidade à flor da pele a ponto de não levar um desaforo sequer pra casa. Muitas vezes era mais macho que muito homem. Pessoa justa, pai postiço. Um bom coração.
No entanto, o resultado desse drama é um filme denso sombrio, uma realidade escancarada aos olhos de um espectador meio que indefeso com tantas cenas fortes, calientes. Polêmicas.
Contra minha moral, retirei-me da sala de exibição nos primeiros vinte minutos e fui vaiada. Não entendi, pois, após minha saída, outras pessoas se encorajaram e se recusaram a ver cenas tórridas e termos de baixo calão.
Vale salientar que respeito e me interesso pela biografia dessa ''personagem'' da década de 30, mas acho a forma conduzida constrangedora e desnecessária.
Camille Silva Sales, aluna do curso Publicidade & Propaganda da Unifor
Fortaleza-CE

eu não sei o que eu acho mais constrangedor e desnecessário: gente que acha a homossexualidade algo constrangedor e desnecessário, ou gente mal educada, polícia do pensamento, que vaia quem exerce seu direito de não se expor a algo que lhe incomoda.

se substituíssemos as cenas de sexo do filme por cenas heterossexuais,
duvido que fossem tidas como polêmicas. ainda mais porque não há um único
nu frontal no filme. ou melhor, há, mas não é uma cena de sexo, e é um plano
bem aberto. quanto a termos de baixo calão, eu entendo menos ainda essa
mania do brasileiro, que fala palavrão a torto e a direito, mas quando ouve,
acha um horror. ah, tá, viado, baitola, féa duma égua não são palavrões. mas
cú é uma coisa hedionda, né?

madame satã, ou melhor, joão francisco dos santos era homossexual,
assumidíssimo. o diretor, também. ambos aparentemente mais tranquilos com
sua sexualidade do que muito hétero neste mundo. esse discurso do que é
desnecessário mostrar de sexo, sobretudo se não for o tradicional, hétero,
monogâmico e com muito amor, é muito arbitrário. afinal, quem estabelece o
limite do desnecessário? somos nós, de bom senso? bem poderia ser a TFP,
que ainda acha homossexualidade uma doença. e aí? quem tem a razão? (ah,
tá, gay pode, contanto que bem longe da gente, né? se esconde aí, rapaz:
beijo na boca, cena de sexo, só pra tua turma. não expõe a gente a isso,
não. deixa a gente viver achando que vocês só andam de mãos dadas...)

ninguém precisa gostar de filme com cenas de sexo, homo ou hétero, com
palavrão, com droga, nem nada disso. eu, particularmente, acho um
grande indício de puritanismo, coisa que eu detesto e acho muito perigosa.
mas é apenas o meu ponto de vista. bastava fazer isso mesmo: levantar e sair
do cinema. ser vaiado é falta de educação de quem vaiou. mas se a leitora
achasse mesmo apenas uma questão pessoal, nao se preocuparia tanto. e nem
muito menos estaria tão confortável para achar a linha do filme
"constrangedora e desnecessária".

eu ficaria muito constrangida se alguém dissesse que minha sexualidade, manifestada no meu filme, é desnecessária. e você?

ps: segundo o relato de um amigo, a campanha o do filme em fortaleza foi ruim. depois do primeiro dia, com sessões de bom público, o boca-a-boca de moralistas esvaziou as salas. até parece que a TFP impera em fortaleza. ledo engano: população homossexual e-nor-me! será que o moralismo vem daquele pessoal que aparece em coluna social, com mulher e filhos, mas que é misteriosamente encontrado na kiss, como era na broadway?

esse meu orientador é um santo!

54 milhões de brasileiros vivem com até meio salário mínimo

sem comentários. por enquanto.

(dados do IBGE, divulgados, hoje, pela folha online. caralhodeasas divulgou antes.)