onde foi que eu errei? (perguntam os pais, diante do monstro que criaram)
césar giobbi, hoje, no estadão:
Os crimes bárbaros que tomaram conta dos noticiários nas últimas semanas, nos quais adolescentes assassinaram pais e avós por motivos fúteis, têm chocado a sociedade. Mas essa mesma classe média e privilegiada que reage com extrema indignação e horror a estes fatos não parece se importar quando das primeiras manifestações de condutas anti-sociais de seus membros.
Um leitor relata o que lhe aconteceu, quarta-feira, quando passava em frente ao prédio de número 94, na Rua Carlos Sampaio, às 14 horas. Ele foi atingido por um disparo de espingarda de chumbinho no rosto bem ao lado do olho esquerdo. Quem atirou imediatamente se escondeu e, quando ele tentou falar com os responsáveis do prédio, foi informado de que o condomínio nada poderia fazer, pois não teria como saber de quem se tratava.
Foi então ao posto policial, na Bela Vista, onde o avisaram que ia ser difícil se fazer alguma coisa, porque ele não sabia quem tinha feito o disparo.
Analisando a situação, quem apertou o gatilho da espingarda de chumbo, provavelmente um adolescente, ficará impune. Quando mudar o calibre de sua arma e seguir o exemplo dos enlouquecidos franco-atiradores americanos, os pais, que provavelmente deram a espingardinha ao pequeno delinqüente, vão aparecer no Jornal Nacional, chorando, dizendo que foram surpreendidos por uma mente doente e, provavelmente, drogada.