feijão maravilha
era justamente daquilo que eu precisava: uma incursão pelos outros bairros da cidade, em busca do melhor feijão com nata do universo, acompanhado de uma cerveja gelada e, o que é mais importante, essencial, uma mesa de amigos sensacionais. a saber: os dois (eternos) orientadores, cada vez mais multi-disciplinares, o amigo performático bolsista da vitae, tropeço, princess balla, a única, minha amiga aglutinadora de amigos e lucicleiton, o artilheiro da pelada.
só uma mesa dessas consegue ter a diversidade temática da nossa conversa ontem: da semiótica do urbano à descrição de preferências sexuais, com detalhes. neste tópico, é bom que se diga, conseguimos expulsar a mesa ao lado, de moçoilas inocentes (bem doida: um bando de gato-véi), horrorizadas com nosso desprendimento. há muito não ria tanto.
uma mesa de amigos íntimos como esta acabou me proporcionando o momento mais ridículo da noite (e de muitos tempos): quando minha vida íntima virou tema de discussão acalorada na mesa inteira. eu estava compartilhando algumas cositas com meu (eterno) orientador e a mesa, no espírito filosofia-de-botequim, se meteu no meio e começou a dar pitaco na história. em coisa de 15 segundos, já havia um arranca-rabo sobre quem-tinha-feito-o-quê-pra-quem-e-comigo-foi-assim, quando eu me dei conta do que estava acontecendo e encerrei a discussão com um berro. era só o que me faltava!
voltei a compartilhar minha mais-ou-menos intimidade apenas com meu (eterno) orientador, de quem eu ouvi alguns relatos sobre a própria vida afetiva (que, creiam, é longa e versátil). uma conclusão óbvia: meu Deus, como tenho a cabeça no lugar! o (eterno) orientador descreveu seus surtos pós-fim de relação e minha vida, de repente, soou um tédio. aliás, nos 15 segundos de forum que rolou na mesa, os loucos eram da opinião de que eu tinha que chutar o balde, me acabar, ir até o fundo do poço. o amigo performático foi categórico: -mulher, corta os pulsos, corta os pulsos! aí, a gente te leva pro hospital, tu fica acabada por uns dias, mas depois que se curar, fica tudo bem!
felizmente, o forum só durou alguns segundos e eu pude voltar a gostar da conversa na mesa, me dividindo entre os relatos do outro (eterno) orientador sobre a mediunidade de patativa do assaré, o projeto de etnografia do amigo performático, os planos para a cultura do estado, reminiscências de bebedeiras e lombras tortas (muito) engraçadas, uma ou outra opinião sobre a vida alheia, projetos para uma festa de despedida para mim, com ou sem mim, é bom que se diga, e, claro, o já referido sexo.
entre a invasão da minha privacidade e o resto, foi uma noite emblemática. serviu para me relembrar do quê, mesmo, é feita a minha vida: de amigos diversos e maravilhosos: dois ex-professores espetaculares, que me inspiraram muitíssimo nos caminhos que segui e ainda inspiram, que se tornaram bons amigos, referências masculinas fortes neste mundo-doido; um ex-roomate brilhante e de uma energia positiva maravilhosa, com quem tenho muito mais cumplicidade do que é possível identificar; uma amiga de faculdade com quem minha relação merece ficar muito melhor, por ser, de fato, alguém muito especial; uma aquisição recente, cearense-paulistana, que, quando eu vi, já tinha cruzado a barreira que eu ergo para me protejer do mundo e se provou alguém que, com seu jeito absolutamente suis generis, é uma das criaturas mais generosas do universo; e, sobretudo, minha amiga aglutinadora de amigos (junto com sua outra metade), que, com seu jeitinho mignon, consegue perpassar toda minha vida recente, me mantendo longe dos piores descaminhos, me proporcionando noites como a de ontem.
só pra começar.
(caralho de asas: que post gigante!)