livro de areia - reloaded

mais vale um caralho de asas na mão do que dois voando

31.3.03

fragmentos do discurso amoroso

há dias, há uns 100 dias, penso. nunca pensei tanto, nunca senti tanto. aí, talvez, incluído o ano de 2002, embora hoje perceba que ele foi muito diferente do que eu pensava. uma coisa é certa: quem vai sair desta experiência é uma mulher muito mais complexa e madura. menor dúvida. mais sábia, talvez, não sei, e talvez não se saiba nunca. de qualquer modo, nestes últimos dias, andei entendendo algumas coisas específicas. como escrevi a uma amiga, são pensamentos libertadores. daí, hoje, lembrei do versinho de uma canção do nando reis, que a ana já citou muito apropriadamente: tornar o amor real é expulsá-lo de você pra que ele possa ser de alguém. não sou a pessoa mais extrovertida do mundo, não mesmo. tenho meu muro protetor e não são muitas as pessoas que conseguem acesso ao lado interno dele. justamente por isto, não tenho problemas em chegar à conclusão: a qualidade do amor depende, essencialmente, de quem ama, e não de quem é amado.

quero manter isto em mente.


30.3.03

deu no new york times (ou: no mundo blog nada se cria, nada se perde, tudo se copia-e-cola)

nota irônica sobre a guerra da "coalizão", catada no new york times pelos caras do contrafactos, blog português de crítica à mídia global que conheci através de link do marioAV:

Scorecard for the War: How will we know if we are winning in Iraq? Here are six things I am watching for:
(1) Have we occupied Baghdad - without leveling the whole city?
(2) Have we killed, captured or expelled Saddam?
(3) Have we been able to explain why some Iraqi forces are putting up such a fierce fight?
(4) Have we won this war and preserved the territorial integrity of Iraq?
(5) Has an authentic Iraqi liberal nationalist emerged from the U.S. occupation to lead the country?
(6) Is the Iraqi state that emerges from this war accepted as legitimate by Iraq's Arab and Muslim neighbors?


ps: lendo o texto -que é um artigo, não uma nota, escrito por um certo thomas l. friedman- realmente publicado no ny times, vi que não é tão irônico assim. ficou irônico depois de edição dos portugueses. eu tava estranhando tanto poder crítico vindo de um americano que não é o michael moore...


freedom of speech, but no so much

A NOVA FACE DO MACARTHISMO - Hollywood, MTV, rappers e até a New Yorker abraçam o patriotismo. só pra ilustrar minhas mal traçadas linhas abaixo, este artigo da CartaCapital (de longe, o melhor semanário de notícias da grande imprensa tupiniquim. e dá pra ler quase toda na internet. só pro caso de você, caro leitor, ainda não saber).


terra da hipocrisia

não me surpreende. nem um tiquinho. depois de quase dois anos de experiência em solo yankee, atesto em diversos graus: land of the free é o caralho, é a terra da hipocrisia mesmo. aprende-se desde a infância. está nos costumes mais pueris. nas melhores famílias (nas piores, não: elas são piores justamete por manterem uma incômoda consistência de valores reais). o que pensar de um país que não tem esquerda? ou melhor, que tem, mas ninguém sabe, ninguém viu? meus colegas de colégio, os mais inteligentes, não sabiam definir verbetes como comunismo ou socialismo, para além do comem criancinhas. mêda.

um dia, na aula de debate (sim, eles têm uma disciplina chamada debate. daí, provavelmente, o júnior, mesmo com seu QI 18, saber fazer discursos. é uma questão de fill in the blanks), resolvi pegar pesado e fazer uma apresentação pró direito de queimar a bandeira americana. só pra ver o que acontecia, claro. era uma apresentação curta, e eu, no melhor espírito americanóide, fiz meu discurso sobre a liberdade de expressão, baseada na primeira emenda à constituição. fechei com as últimas estrofes do hino americano: oh say does that star/ spangled banner yet wave/ o'er the land of the free/ and the home of the braves, dizendo que se não admitissem total liberdade de expressão, incluindo a possibilidade de queimar a bandeira, símbolo máximo do país, não seriam mais "the land of the free".

não sei como não apanhei. era uma turma de rejeitados sociais, as mais energúmenas criaturas daquela high school. fumavam maconha o dia inteiro, não queriam ovo com a vida, mas quando se argumentava alguma coisa que talvez, quem sabe, ferisse o orgulho americano, elas viravam bicho!!! o mais engraçado é que, depois de mim, uma gordinha, loirinha, meio cdf fez um discurso pró direito de assembléia aos membros da ku kux klan, baseada na mesmíssima primeira emenda. adivinha só: os rejeitados sociais todos foram a favor, mesmo se dizendo não-racistas. de acordo com eles, o direito de assembléia é uma garantia constitucional. ok.

tudo isto pra dizer que dois pesos e duas medidas é algo que se aprende na escola, que faz parte do caráter americano, para, no mínimo, 85% da população (os outros 15 perderam os direitos civis porque insistiram em dizer o contrário). que agora eles, ao contrário do resto da humanidade, consigam achar que essa guerra ao iraque é justa, mas que o atentado ao wtc é um ato de enorme desumanidade não me assusta. ao contrário: me assustaria se o país se mobilizasse e tirasse aquele estelionatário do poder federal. aí, sim, eu ia desmaiar de incredulidade...



29.3.03

Turcos jogam ovos e pedras em soldados dos EUA

esta guerra é tão absurda, que é possível confundir as manchetes do noticiário com a coluna do macaco simão. não sei se o livro do apocalipse na biblia previa alguma coisa assim, mas é tão surreal que eu estou começando a achar que isto só pode ser o anúncio do final dos tempos. nestas horas, é bem útil ser religioso(1). se você crê piamente que há vida após a morte -seja no paraíso, para as almas boas e arrependidas, seja nas profundezas do inferno, para bush e seus familiares-, você pode ir dormir mais sossegado ao constatar que, por promoverem esse massacre, digo, esse genocídio, digo, essa barbárie, digo, essa guerra, bush e seus comparsas vão pagar com a vida eterna no mármore do inferno, enviados por alá em pessoa, com recomendações de requintes de crueldade por parte de lúcifer e seus representantes. boa viagem, júnior. se resta de consolo: você não estará sozinho. blair será condenado a puxar o seu saco pelo resto dos tempos e saddam estará ao seu lado, tão juntinho de você, que você vai se acostumar àquele bigodão roçando no seu cangote pela eternidade. enjoy.

NOTAS:
(1) eu sou tão religiosa quanto a maioria dos brasileiros: no creo (completamente) em (um) Deus (cristão), pero que lo hay, lo hay.


"precisão"

como assim, precisão? defina precisão, ô besta-fera do apocalipse!

não é que os caras estão errando os alvos dentro de bagdá -que estão, e nessa brincadeiras algumas dezenas de almas já foram se encontrar com alá. é que eles estão errando DE PAÍS !!!. já foram parar tomahawks muito pra lá de bagdá: no kuweit, na síria, na turquia! e aí vem o filho do demônio daquele donald rumsfeld dizer que as armas americanas são precisas???

(inspira, expira, inspira, expira...)

george w. bush, tu vai arder no mármore do inferno, seu monstro! prepare-se para passar a eternidade ao lado de saddam hussein, numa banheira de lava fumegante, ao sabor das chicotadas do demo, seu carniceiro safado!!!


28.3.03

read my lips, bush:

VAI SE FODER, SEU FILHO DA PUTA, CARNICEIRO DO CARALHO!!!



da série enquanto isto, no meu umbigo - setor academia

a lei de murphy existe, eu sei que existe. e também desconfio que, às vezes, minha existência neste planeta tem o propósito exclusivo de comprová-la. hoje, por exemplo, eu me larguei pra puc com o objetivo exclusivo de estudar na biblioteca. um pouco tarde, depois das 14h, quando fica difícil achar vaga num raio de 100km do campus, saí de casa, com o tanque na reserva. no meio do caminho, percebi que havia esquecido algo muito importante e tive que voltar. saio novamente, o carro mais na reserva ainda. rejeito o posto esso perto de casa, se há algo que merece ser boicotado é um posto esso. o seu frota, frentista conterrâneo lá de sobral, que me perdôe. passo por um posto shell(1): não. fora de mão. tem que dar mó volta pra pegar o caminho da puc. passo outro posto shell: não. o da puc deve estar mais barato. chego à puc. não há vaga. vou direto para o posto e -tchanam!- a gasolina normal está mais cara do que em todos os postos anteriores. sem ter outro jeito, ponho míseros vinte real, só pra sair da reserva. rodo, rodo, rodo: não tem vaga. já meio de saco cheio -já eram 15h-, rodo um pouco mais e pego um carro saindo bem na porta da puc. beleza! almoço uma quirche de queijo com suco de açaí-com-acerola. compro um chocolatezinho para a sobremesa e me dirijo alegre e serelepe para a biblioteca. vejo uns cartazes anunciando uma greve, percebo a pouca movimentação e... e...? a porra da biblioteca estava fechada!!!

ô caralhodeasas!

NOTAS:
(1) segundo me dizem, a shell foi comprada por holandese. achei esquisito, mas não tem nenhum posto br no meu caminho.



27.3.03

boicote: depois do panfleto, uns versinhos

essa história de boicotar produtos americanos é interessante. mas acho que o que importa é o ato simbólico. a reflexão que ele traz. porque não podemos confundir a besta-fera do apocalipse estadunidense com a população que ele, ilicitamente, representa. ou melhor: não representa. parte do povo do país está fazendo sua parte para demonstrar que não concorda com a guerra. até movimento pró-impeachment tem. o michael moore que o diga: não apenas fez aquele discurso na entrega do oscar, como fez um documentário sobre o belicismo norte-americano, coisa que está na raiz de todas as guerras iniciadas pelos valentões do planeta, inclusive as que pouca gente enxerga, porque internas, diárias e, de tão óbvias, quase imperceptíveis.

isto posto, tudo bem: digamos não ao mcdonald's e à coca-cola. coisa que, aliás, tenho que reconhecer, deveríamos fazer de qualquer jeito, que esses dois "alimentos" não fazem bem. (quem é você e o que você está fazendo dentro do meu corpo??? saia já, que este corpo não lhe pertence!!!)


enquanto isto, no meu umbigo

uma pequena pausa nas reflexões sobre a burrice e o belicismo yankee para dar atenção ao meu umbigo. lá vem o quiroga: Preste atenção, agora mesmo você tem tudo o que precisa para ser feliz. O universo oferece generosamente todas as oportunidades e para aproveitá-las você possui todos os talentos. Aqui e agora você é feliz.

tá, entendi tudo. só tu-do! (quem tiver interpretações, faça o favor de me explicar...)


BOICOTE JÁ!


26.3.03

antes que eu me esqueça:

vai tomar no meio do seu cú, george w. bush!!!

24.3.03

a ofensiva da mídia

excelente artigo de demétrio magnoli na folha de hoje. trechos:

Fora da frente de batalha, a CNN e a Fox News veiculam para o mundo "notícias" plantadas pelo Pentágono. Na primeira noite da ofensiva, quando se esgotava o prazo do ultimato norte-americano, a "notícia" era a suposta fuga de Tariq Aziz, o vice-primeiro-ministro iraquiano.
Para desmentir a versão fantasiosa, Aziz apareceu diante da mídia em Bagdá e foi rastreado até uma instalação no subúrbio onde se reuniria com a cúpula do regime. Essa instalação tornou-se o primeiro alvo dos mísseis e bombas de precisão americanos, na "Operação Decapitação".

Não há combate sério pelo controle do território. A rota para Bagdá aberta, aplainada, desértica é o corredor ideal para as forças norte-americanas. Reunir blindados para barrar esse avanço representaria suicídio imediato. As tropas iraquianas seriam trucidadas por mísseis e bombas lançados de lugares bem distantes do campo de visão.
A resistência, esporádica, só pode retardar por horas ou dias a "onda de aço" dos invasores. Mas esse intervalo tem significado político: todos os dias Bush perde um pouco mais a guerra pelos "corações e mentes" no mundo e mesmo nos Estados Unidos.

Bush não está preparado para uma guerra de verdade. Suas forças vencerão no teatro militar do Iraque, mas serão derrotadas no campo de batalha político das cidades árabes, européias e norte-americanas.
Daqui para a frente, todas as manobras táticas americanas estarão voltadas para evitar esses desdobramentos. Inclusive o noticiário da mídia global.



dois pesos, duas medidas

não vou nem falar na falta de "precisão" das armas da "coalisão". as coisas que me vieram à cabeça desde o primeiro bombardeio ao iraque, cujos alvos de "precisão" eram os palácios onde saddam e seus filhos possivelmente se encontravam, são as seguintes:

1) a "operação decapitação", cujo objetivo é matar saddam e seus filhos, difere em quê de assassinato e/ou terrorismo?

2) destruir o patrimônio arquitetônico de bagdá, um dos berços da civilização, numa operação assassina, levada adiante em nome de deus, difere em quê da destruição das esculturas milenares de buda supostamente empreendida pelos fundamentalistas islâmicos do al qaeda, pouco tempos antes do 9/11?

3) com base em quê os americanos exigem tratamento regulamentar aos prisioneiros de guerra nas mãos do iraque, se eles não trataram os prisioneiros de guerra afegãos nem humanamente e muito menos segundo leis internacionais???

há inúmeras outras inconsistências no discurso x ação dessa tal "coalizão". aliás: só há incosistências.


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em tempo: agora, está na tv o porta-voz da besta do apocalipse yankee. uma jornalista acabou de fazer a pergunta: vocês estão dizendo que os iraquianos não estão tratando os prisioneiros de guerra como manda o tratado de genebra. a coalizão está tratando seus prisioneiros como manda o tratado, nesta guerra e em guantánamo? a porta-falante respondeu, para minha incredulidade: são duas situações diferentes: aqui, temos uma guerra normal. a outra, era a "guerra contra o terrorismo". não podemos tratá-las da mesma forma. ah, entendi, seu ari: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, né?!!!


23.3.03

diário de uma guerra

aliás, falando em blogue e em guerra, um dos melhores veículos de informação sobre o cotidiano de bagdad sob o fogo da "coalisão" está sendo a coluna do sérgio dávilla na folha, enviado especial a bagdad. (pena que só os reféns do uol possam acessá-las na web...) abaixo, alguns trechos do que foi publicado hoje e ontem:

A sequência é de uma rotina assustadora e de uma lógica insuportável, emprestada dos trovões e dos raios. Primeiro, um clarão que deixa toda a cidade iluminada, acompanhado da saraivada da bateria antiaérea, que pode muito pouco contra ele.
Então, uma grande explosão -o maior e mais inesquecível som já ouvido pelo repórter até hoje-, seguida do deslocamento de ar correspondente, que vem e volta com quase a mesma intensidade. Pequeno silêncio. Um fogo começa a subir ao céu em grandes línguas. Cede apenas para a fumaça preta, espessa.
Por fim, o grande silêncio insuportável, só quebrado pela próxima sequência, idêntica.


Durante o primeiro estouro, passado o susto inicial, o repórter fotográfico Juca Varella lembra de colocarmos os coletes antibalas e os capacetes. Nos corredores, encontramos outros jornalistas que fizeram o mesmo.

Em todo o lugar a que chega a imprensa internacional, logo um grupo de cinco a dez funcionários aparece e faz uma manifestação "voluntária" a favor de Saddam Hussein. Os slogans são pobres: "Saddam é nosso pai", "Bush, Bush, down, down". E o melhor deles: "Nós apoiamos o presidente Saddam Hussein".

E as mais de 200 vítimas civis atestam que não existe o que se chama de guerra cirúrgica.


recordar é viver




como bem lembrou o blogueiro, houve tempos em que os yankees não consideravam o saddam tão mau assim. sintomaticamente, foram eles que criaram a besta do apocalipse iraquiano, e estavam pouco se f... se ele era um ditador sanguinário ou não. como, aliás, no afeganistão, outra guerra que foi feita sob desculpas espúrias...

(na foto: o atual secretário de defesa americano, donald rumsfeld, aperta a mão de saddam hussein. quem te viu, quem te vê, hein, mr. rumsfeld?)



so much for "precision"






22.3.03

blogspot.war

pra quê serve um blog? para muitas coisas, inclusive para correspondentes de guerra mandarem notícias, opiniões, pensamentos livremente manifestados, sem o filtro institucional nem da cnn nem da al jazeehra. eis alguns:

warblog, designed to provide you with a birds-eye view of Gulf War Redux;

kevin sites, First-person account of a solo journalist's life on the front lines of war, jornalista da cnn, que foi impedido pela emissora de atualizar seu blog, mas que está tentando negociar sua liberdade de expressão;

where is raed, blog pessoal de salam pax, codinome de um misterioso iraquiano que manda relatos pessoais de bagdá sobre a guerra.

o fato de a cnn estar tentando impedir o jornalista kevin sites de publicar suas próprias opiniões em seu blog mostra o quão revolucionário este formato pode ser. blog é um conceito de informação descentralizada, muito mais do que um formato tecnológico, seja para mandar relatos pessoais ou para enviar notícias sobre o atentado ao wtc ou sobre a guerra.

numa guerra que é feita por um motivo vil, mas que usa uma desculpa esfarrapada como, bem, desculpa, que começou com o carniceiro yankee sendo penteado em transmissão ao vivo para o mundo inteiro, e que tem imagens e notícias contraditórias sendo passadas pela mídia de cada lado -cnn e al jazeehra-, um relato pessoal-e-instransferível pode ser muito revelador.



21.3.03

o grande deus becape

aleluia! achei os backups de boa parte dos outros documentos importantes que haviam sido suicidados junto com a pasta-cor-de-rosa-choque. de qualquer modo, a CaralhoDeAsas University agradece a compaixão, conselhos e até programas enviados à mesma. e lembrem-se: always -ALWAYS- back up!



20.3.03

tomahawk no kuweit dos outros...

muito apropriados os escritos do clovis rossi na folha de hoje, sobre quão perigosa e, neste caso, falaciosa é essa desculpa que o júnior inventou para invadir o iraque, que todo mundo sabe que é uma desculpa esfarrapada, menos boa parte dos americanos, mas também, o que esperar de um povo que consome hamburguer transgênicos desde o berço:

Sim, vale a pena, desde que não seja uma única força quem decida que país "libertar" e quando.
Só para dar um exemplo: em 1954, os Estados Unidos "libertaram" a Guatemala do coronel esquerdista Jacobo Arbenz apenas para entregar o país a uma sucessão de generais sanguinários, sob os quais uma guerra civil de décadas matou mais pessoas do que Saddam Hussein.

Parece evidente, ademais de lógico, que, se 161 países não querem seguir os EUA no ataque a um carniceiro, é porque temem que outras "libertações", como a da Guatemala (e há muitos outros exemplos), tragam mais problemas que soluções.
(folha de são paulo, hoje)

aliás, para os americanos, isto é apenas mais uma cruzada em nome de deus. televisada e com muitos pontos de audiência para todo mundo. afinal, patriots e tomahawks no kuweit dos outros...




19.3.03

caralhodeasasvoador!

não sei por que cargas a pasta "puc", que continha todos -eu disse TODOS- os arquivos relacionados ao meu mestrado, foi parar dentro da lixeira. daí, num ato de desatenção, fazendo a faxina no desktop, eu dei aquele comando básico: esvaziar lixeira. paranóica que sou, sempre abro a lixeira para ver o que está lá, se é para apagar mesmo ou não. desta vez, o fiz, mas já achando que estava tudo certo, nem percebi a pasta cor-de-rosa-choque quietinha, inocente, pensando "o que eu estou fazendo aqui?" num daqueles atos em que a gente sobrevive para passar o resto da vida se arrependendo, cliquei no famigerado OK do esvaziar lixeira. antes mesmo da lixeira esvaziar, veio o susto. olhei para o desktop, ali, entre a pasta amarela e a pasta azul e percebi: a pasta puc havia sumido. era ela a pastinha cor-de-rosa-choque que havia acabado de deletar.

frio no estômago. suspiro.

passado o susto, respirei fundo e pensei: eu tenho backup. pelo menos do mais importante, eu tenho backup. fucei, fucei e -aleluia!!!- tinha backup do capítulo. o pior já passou. agora, é tentar recuperar todos os outros textos: fichamentos, bibliografia, memorial, artigos e trabalhos de conclusão de disciplinas.

ô maré de azar do caralho!!!



18.3.03

ah bravo, fígaro!

ganhei um presentão dele: uma coleção de revistinhas do níquel náusea, um dos meus alter-egos do mundo das HQ, e ainda com dedicatória do criador, o fernando gonsales: para a lara croft do agreste! presentão, viu? ah, bravo, fígaro!



15.3.03

masculino e feminino

dia desses, um amigo que encontro, por coincidência, no supermercado, na fila do cinema ou no embarque de algum aeroporto pelo país, descobrindo meu conhecimento sobre futebol -pouco usual entre mulheres, aparentemente-, disse algo que me surpreendeu. algo sobre mulheres que têm interesse pelo universo masculino serem preciosidades. e completou, muito melhor: bem como creio que as mulheres consideram assim os raros homens que entendem um pouco o universo feminino. ganhou pontos. muitos.

tendo acabado de assistir a um emblemático episódio de sex and the city -não, puristas e frankfurtianos, televisão não é só lixo-, fiquei pensando. eu, certamente, sou a carrie. não sou casamenteira, fresca e pudica, como fulana; nem a-gostosa-ninfomaníaca, como beltrana, e muito menos fria e racional, como sicrana. não. sou a carrie: até nos cabelos crespos, no (muitas vezes instável) equilíbrio entre racional e emocional, entre autônoma e insegura, entre inquieta e reflexiva. com uma beleza relativa e não-convencional (e modesta, eu mencionei modesta?). simples, mas dialeticamente cheia de contradições. com profundas marcas de várias experiências e, definitivamente, em busca de algo apaixonante, real, enorme, profundo.

ainda não sei se minhas atuais reflexões são tantas porque a recente experiência foi muito drástica -e foi-, ou porque as coisas e os anos foram muitos e um belo dia você senta e pára pra pensar mais do que jamais pensou. os dois, provavelmente. mas vendo esse episódio -the ex and the city-, fiquei pensando nas palavras do meu amigo. sim, como a carrie, me interesso pelo universo masculino. e me interesso pelos homens que se interessam por mulheres que têm interesse no universo masculino. deu pra entender? por mulheres que não acham futebol, por definição, um saco; que não são irremediavelmente frescas; que não conversam apenas sobre roupas-compras-cozinha-manicure. que, realmente, além de terem carreira (ou tentativa de uma), de terem perdido a virgindade há anos, de morarem sozinhas ou sei lá o quê, não querem, no fundo, as mesmas conquistas machistas, pelos mesmos motivos machistas. não definem a própria feminilidade com base no casamento, na maternidade ou noutros tantos valores que foram historicamente impostos(1).

sempre me interessei por homens que conseguiam enxergar em mim essas diferenças, pois esta percepção é, em si, sofisticada: qualquer homem que busque em uma mulher mais do que um belo corpo+rosto+cabelonachapinha já é uma rara exceção. contudo, talvez meu erro tenha sido atribuir a todos os homens que têm essa percepção, automaticamente, o reverso da moeda. que esses homens tenham, também, eles próprios, e por si sós, a percepção do universo feminino. da tal Complexidade, das coisas boas de ser mulher. ou melhor: Mulher, tigresa-de-íris-cor-de-mel. mais chocante ainda é começar a ver que essa percepção -do universo feminino pelo homem-, muito embora venha constantemente àqueles dados à real reflexão, não é, essencialmente, algo racional, no sentido cartesiano da coisa. é algo muito mais... Complexo!

enfim: um brinde aos Homens Complexos. àqueles que, como pepeu gomes, podem cantar, ser um homem feminino não fere o meu lado masculino... àqueles que têm a percepção e não têm medo de quererem, justamente, uma Mulher(2). e, sempre, às mulheres que, diante de todos os enormes e diários desafios, tentam e conseguem fazer valer a diferença, a Complexidade e o sabor de serem, realmente, Mulheres.

NOTAS(3)
(1) antes das pedradas, o disclaimer de sempre: nada contra o casamento, a maternidade etc, etc, etc. se, e somente se, pelos motivos certos, e não porque é assim que tem que ser. como tudo mais na vida, aliás.

(2) a homossexualidade não implica menor masculinidade, feminilidade e muito menos complexidade. mas isto é assunto para (um milhão de outros) post(s).

(3) sim, sim, eu confesso: a introdução das notas de rodapé neste humilde blog se deve, essencialmente, a uma inspiração divina. ou, no caso, à inspiração de um enviado específico do todo poderoso. quem mandou levar a palavra do senhor para a internet?



14.3.03

a diferença é que o (telefone do) estadão (não) funciona

ok, basta: alguém também já percebeu que nas propagandas dos classificados do estadão, o pai atende e desliga o telefone só com o poder da mente, sem apertar nenhum botão? sim, guerra no iraque, reforma da previdência, Complexidade, tanta coisa mais importante... mas eu tenho sangue de continuísta, não me peçam para não notar algo assim, que eu dou uma piloura!!!

ai, pronto, passou. era só desabafar...



13.3.03

notícia de ontem

OS ESTADOS UNIDOS AMEAÇAM ATACAR O IRAQUE MESMO SEM A APROVAÇÃO DA ONU

vem cá: sou só eu, ou esta é a manchete de todos os jornais, todos os dias, há vários dias? e se há dias a ONU continua não aprovando o ataque ao Iraque, por que diabos é que o júnior e seu concubino ainda não mandaram ver? vestígio de humanidade, obviamente, não é o caso, que ainda vão descobrir que o júnior é, no máximo, uma capivara pantaneira com um bom cirurgião plástico (e o blair, bem, o blair é apenas o concubino inglês da capivara pantaneira. que mal gosto da capivara, aliás).

então... alguém que realmente esteja lendo os veículos interessantes da imprensa me dá uma explicação decente? (é que eu ando cuidando do meu umbigo, da narrativa no videogueime e da Complexidade no universo feminino, mas ando meio sem energia para assuntos que realmente interessam à humanidade...)



12.3.03

pelo fim do happy end

e se não tivesse o amor
e se não tivesse essa dor
e se não tivesse sofrer
e se não tivesse chorar

(it's a long way, caetano)

mordida, repito para mim e para quem quiser ouvir: Complexidade não é sinônimo de complicação. será que dá pra entender que os sofisticados mecanismos que nos deram a capacidade de Amar trouxeram consigo, inevitavelmente, a capacidade de Sofrer? e quem foi que disse que a vida era fácil? ah, sim, o cinema americano, é verdade, A Mídia, as CarasQuemIstoéGente e similares veículos do olimpo moderno, onde todo mundo é lindo, sarado, rico, insuportavelmente alegre -veja, eu disse alegre- e anda aos pares, sempre. heterossexuais, por coincidência.

um dia, na minha sessão de masoquismo, eu vi a besta-alegre da angélica proporcionando à bonitinha atriz global (cada vez mais, um oximoro), priscila fantin, o seguinte mico (que ninguém percebeu, claro, porque ninguém que considere aquilo um mico se dá a vergonha de assistir ao videoshow, a não ser eu):
-... e vocêa, priscialaa, táa namorandoa?, questiona a criatura, num misterioso sotaque carioca-posto-nove,
- não..., responde a garota, no que é consolada pela neandertal apresentadora, com sincera piedade:
- ôoooooo, tadinha...

alegria, alegria! essa é a visão da mocidade alegre que nos vende o happy end diário: hay que evoluir, sin perder la aliança de matrimonio jamais! aqui, franca inspiração no jabor, que entendeu tudo. pois então, para destoar do côro dos contentes, eu concordo com ele e pergunto às companheiras de gênero, no mínimo a elas, e com toda sinceridade: de que adianta tanto esforço de emancipação -carreira, dinheiro, fama-, se é para continuar, no fundo, querendo as mesmas coisas tolas, pelos mesmos motivos tolos???

não que eu seja contra o Amor, a união das pessoas, a Felicidade -notem, eu disse Felicidade-, pelamordedeus, de jeito nenhum, e é aí que mora a aparente sutileza: essa mania de ter que estar sempre alegre, de querer que tudo dê sempre certo, de buscar o tal do happy end, de negar dor e sofrimento como partes do processo, porra, é justamente isto que impede boa parte das pessoas de ser Feliz, ao invés de simplesmente bestas-alegres!!! it's a long way, baby, mas -ô, caralhodeasas!-, será que dá pra entender (e agora, lá se vai de uma vez por todas a linha que me separa do clichê sentimental): a Felicidade é o caminho, não o destino???

(e a Complexidade no meio de tudo isso, você se pergunta? bem, para mim, como visão de mundo, muito simples: o mundo é Complexo. ser Feliz requer entendê-lo. entendê-lo requer abraçar a Complexidade. you do the math.)

ps: a "frase clichê", se não me engano, é do henfil;
ps do ps: a coluna do jabor de hoje foi dica dela, ainda que por tortos caminhos.
ps do ps do ps: se alguém tem alguma dúvida de que eu escrevi isto aqui para mim mesma, desfaça-a já, que eu sou um poço de contradições.



11.3.03

aquela festa - parte 6: o falecimento do interfone


(quase) flagrante delito



10.3.03

aquela festa - parte 5







aquela festa - parte 4






aquela festa - parte 3






aquela festa - parte 2







aquela festa - parte 1








FELIZ ANO NOVO

agora sim, não há mais desculpas: arrume a casa, arrume a rotina, arrume a cabeça. leia, ouça, anote, estude, escreva, planeje, projete, realize. entre na yoga, entre na academia, coma salada, não volte a beber, não comece a fumar. conheça novas pessoas, cultive as que merecem, releve as que não.

anote tudo, coloque bem à vista, cheque sempre que preciso. mas não esqueça de repetir, como um mantra, fazendo valer: life is what happens to you while you're busy making other plans.

feliz ano novo pra mim.



9.3.03

um tango argentino me cai bem melhor que um blues

Nada debo agradecerte,
mano a mano hemos quedado;
no me importa lo que has hecho,
lo que hacés, ni lo que harás.


(mano a mano, na voz de gardel)

isso é que é orgulho lationamericanamente ferido!... eu quero fazer um filme assim.


8.3.03

efeito google?

se alguém além de mim está vendo este caralhodeasas com-ple-ta-men-te surtado: a culpa é do blogger/google. estão viçando com o meu template!!! (meus arquivos foram temporariamente seqüestrados...)



dia internacional da mulher

(é o dia do ano em que a massa gigantesca de mulheres finge para os homens que quem carrega boa parte do mundo nas costas todos os outros dias são apenas eles. ha ha ha.)



7.3.03

conservação das lembranças

Os cronópios, em compensação, esses seres desordenados e frouxos, deixam as lembranças soltas pela casa, entre gritos alegres, e andam no meio delas e quando passa alguma correndo, acariciam-na com suavidade e lhe dizem: "Não vai se machucar", e também "Cuidado com os degraus".
(julio cortázar, em histórias de cronópios e de famas)


ando pensando em reativar um projeto...



6.3.03

da série memória da pele

Chinelos

Um par de pequenos
chinelos azuis
sustenta a parede
do quarto -


a falta de móveis-

pelas molduras

há muito sem óleo
de linhaça


escorre
a
música
do vizinho


o sempre é
improvável
e longe


(manoel ricardo de lima; embrulho, editora 7letras)

acordei precisando ficar feliz. ontem, havia aberto o livro, há algum tempo não o relia. caiu, de dentro, a foto: um par de pequenos chinelos azuis, ao lado de grandes sapatos masculinos, sustentando a parede do quarto. era feliz (e sabia).

lembrar o que de fato houve de muito bom na vida. escrever a auto-biografia imaginária para reforçar a certeza de que isto é uma fase. um gargalo evolutivo, se me permitem.



4.3.03

caetano veloso (semioticamente relido para minha própria vida)

eclipse oculto

côro:
Nosso amor não deu certo, gargalhadas e lágrimas
De perto fomos quase nada
Tipo de amor que não pode dar certo na luz da manhã
E desperdiçamos os blues do Djavan


eu:
Demasiadas palavras, fraco impulso de vida
Travada a mente na ideologia
E o corpo não agia como se o coração tivesse antes que optar
Entre o inseto e o inseticida


ele:
Não me queixo, eu não soube te amar
Mas não deixo de querer conquistar
Uma coisa qualquer em você, o que será?


eu:
Como nunca se mostra o outro lado da lua
Eu desejo viajar do outro lado da sua
Meu coração galinha de leão não quer mais
amarrar frustração
Ó eclipse oculto na luz do verão


ele:
Mas bem que nós fomos muito felizes só durante o
prelúdio
Gargalhadas e lágrimas até irmos pro estúdio
Mas na hora da cama nada pintou direito
É, minha cara, falar, não sou proveito sou pura
fama


eu:
Nada tem que dar certo, nosso amor é bonito
Só não disse ao que veio, atrasado e aflito
E paramos no meio sem saber os desejos aonde
é que iam dar
E aquele projeto ainda estará no ar?


ele?
Não quero que você fique fera comigo
Quero ser seu amor, quero ser seu amigo
Quero que tudo saia como som de Tim Maia, sem
grilos de mim
Sem desespero, sem tédio, sem fim



(a Complexidade é feminina, lembrem-se. mas caetano, assim como chico, é meio mulher. e é por isto que, ainda, eu o amo.)



1.3.03

alalaô...

sábado de carnaval. há um carnaval, chegávamos eu, peter e a irmã ao recife antigo para 4 dias de muito... bem, techno, na verdade, com um pouco de frevo; há dois carnavais, eu e o ex-ex fizemos o circuito cultural-gastronômico paulistano sem engarrafamento; há três carnavais, eu e o ex-ex-ex corremos atrás do simpatia é quase amor, da banda de ipanema e assistimos aos desfiles pela tv no rio de janeiro; há quatro carnavais, eu estava num inverno frio novaiorquino; há cinco, ia à praia com o ex-ex-ex-ex; há seis, com o ex-ex-ex-ex-ex; há sete, truava no campo grande, centro de salvador, como o mesmo ex, e há oito, a mesma coisa;e há nove carnavais atrás eu estava truando no mela-mela do carnaval do aracati, coberta de maisena, com o ex-ex-ex-ex-ex-ex (eu perdi a conta).

hoje, manhã de sábado de carnaval, eu e o fiel xuxu assistimos à vida secreta dos tubarões e arraias, no discovery channel. é, no mínimo, original.





(ps: não sou não-carnavalesca. eu estou não-carnavalesca. para que conste nos autos. e mais, como já foi bem apontado noutro blog -ver link abaixo da discussão de folia carnavalesca-, sou a favor de alegrias mais complexas. nada contra carnaval, frevo, samba, suor, cerveja... só que, não se enganem: mesmo que alguém calhe de me achar acompanhando o monobloco, de tamborim na mão e o escambau, este ano, isto não significaria alegria. e muito menos felicidade. esta, aliás, se está em algum lugar, só pode ser aqui dentro de mim. e é o que eu estou procurando. antes, durante e ainda muito depois do carnaval, podes crer...)




(Deus! será que tem alguém suficientemente não-carnavalesco como eu, que não apenas não está pulando atrás-do-trio-elétrico -ou seja, segundo caetano, já morreu-, como está lendo isto aqui? amiga(o) alienígena, se você existe: manifeste-se. faça feliz uma alma exótica que pretende passar o carnaval lendo semiótica, política e fenomenologia, vendo uma meia-dúzia de filmes, pelo menos uma exposição e fazendo um piquenique no ibirapuera. tudo -ou quase- acompanhada de seu xuxu, a menos que ele resolva dar uma piloura e ir para o grito de guerra do bailão, claro.)


apocalypse now

tristes pressentimentos do que há de acontecer. e eu que achava que *eu* era pessimista... no fundo, é por isso que eu continuo gostando do jabor. entre espasmos, mas, na falta de um paulo francis... (meu Deus! eu jamais imaginei chegar a proferir esta frase!)


mais de mil palhaços no salão

não havia a-me-nor-pos-si-bi-li-da-de d'eu cair na folia este ano (para a discussão do tema folia carnavalesca, clique aqui). até aí, tudo bem. ou, se não bem, previsto, pelo menos. mas daí até a sexta-feira de carnaval ser eu e o xuxu tomando uma verdadeira overdose de milkshake de chocolate com nescal e calda de chocolate -light, para que conste nos autos-, aí, meu filho, já foi muito além de qualquer previsão.

aliás, em matéria de contrariar as mais esquizofrênicas previsões, 2003 está indo bem. nada que vire notícia no jornal nacional, ainda bem. mas, como já foi dito, pelo menos uma boa sitcom já está dando.