livro de areia - reloaded

mais vale um caralho de asas na mão do que dois voando

30.4.03

pequeno dicionário amoroso: Acaso

deixa ser. como será quando a gente se encontrar? no pé, o céu de um parque a nos testemunhar. deixa ser como será! eu vou sem me preocupar. e crer pra ver o quanto eu posso adivinhar
(retrato pra iaiá, marcelo camelo e rodrigo amarante, los hermanos)

deixa que eu deixo.


aqueles olhos verdes (ou: CdA News, edição extraordinária)

às vezes, é preciso dar uma ajudinha ao Acaso. e, às vezes, vale muito a pena.


29.4.03

radicais

eu vou abrir uma exceção e dialogar com a DS: lindbergh, meu filho, o que você disser, eu apóio. e, ó, se o tio genuíno chutar você do partido, tem grilo, não: eu faço um partido só pra nós dois, tá? que tal, assim... PT, Partido dos Tchutchucos? ah, vem ser radical comigo, vem?...


28.4.03

eclipse oculto (ou: romântica incurável)

na noite do dia 15 de maio, entrando pela madrugada do 16, este hemisfério poderá testemunhar um eclipse lunar. uma vez, vi um. acho. este eu gostaria muito de ver também. espero que são pedro colabore, e que a qualidade do ar desta são paulo também não esteja das piores (já que mesmo a lua cheia, às vezes, não dá direito pra ver, entre nuvens, poluição e apartamentos).

e já que desejar é de graça, tomara que a companhia seja boa, pra que o testemunho ocular do eclipse possa ser ainda mais memorável...


luz

eu vi a luz. hoje, neste domingo pacato, em que minhas costas dóem infernalmente, por que o psicopata com quem eu moro executou em mim uma manobra ousada de dança -hmmm, dança?-, eu fui iluminada pela luz divina de alah! finalmente, depois de vinte e sete anos, sei qual é a minha missão na terra: ir à próxima edição do skol beats, tendo 130 toneladas de dinamite amarradas ao meu corpo, e fazer O Bem ao meu povo, eliminando da face da terra esses pequenos monstros multicoloridos auto-entitulados de clubbers(1).

eu vi a luz!!!

NOTAS
(1) antes que comecem a voar os adidas, piercings e pick ups sobre minha iluminada cabeça, explico: não, filisteus, eu não sou contra música eletrônica, essa abstração. o que eu detesto, abomino com todas as minhas forças são essas tais e malditas tribos. que mané tribo o caralho, rapaz! não ofenda os txucarramães! andar de uniforme, sobretudo com a legenda mamãe, eu descolori o meu cabelo com desinfetante de cozinha é de foder, bicho. pior, só abadá e terno armani com cabeça raspada. saco!


26.4.03

pernas curtas

um belo dia, há muito tempo, depois de um chopp que eu definitivamente não deveria ter aceitado, tento me desvencilhar de uma situação pegajosa:

- então... eu sempre quis conhecer o interior dos apartamentos do seu condomínio..., insinuou o marmanjo.
- é mesmo?, respondi eu, revelando o necessário sarcasmo para que nêgo entendesse que não ia rolar nada.
- então... não vai me convidar pra subir? continuou a pobre alma sem um pingo de semancol.
- não, respondi, já semi-emputecida, neguinho não colabora mesmo, quer ouvir com todas as letras.
- pô, mas você vai conseguir me dispensar assim?
- consigo, pode ter certeza, respondi, num último resquício de paciência.
- tem certeza que consegue?, insistiu, pegajoso.
- o sangue de jesus tem poder, meu filho! eu vou conseguir, sei que vou!, finalizei, com todo sarcasmo que deus me deu,abrindo a porta do carro e encerrando o assunto.

engraçado foi saber que neguinho andou contando uma versão um pouco mais longa e favorável -a ele- desta história. aqui, fica a pergunta: por que, caro leitor XY, alguns dos da sua espécie têm essa mania de contar vantagem, hein? isso tem cura?




um amigo me mandou esse presente aí de cima. foto dele. viajou a américa do sul tirando rolos e rolos de filme. adorei. a foto e a lembrança.


25.4.03


(descaradamente copiado daqui)


propaganda ideológica

de gênio a sacada da propaganda oficial pela reforma da previdência: tanto o othon bastos defendendo a taxação dos inativos, quanto a denise fraga fazendo perguntas oportunas e concordando com tudo estão levemente fora de sincronia, o som de suas vozes e a imagem em suave desencontro. então alguém da produção descobriu uma maneira sutil de representar a incoerência entre o discurso do governo e o posicionamento do partido?...

e o fato do jornal nacional ter levado ao ar, logo depois do comercial, um bloco inteiro com matérias metendo o pau em diversos aspectos ligados à previdência, é claro, foi mera coincidência.


24.4.03

luto

o dr. green morreu. não quero mais ver E.R.


libra, b. abramo

Vênus em Áries demanda mais paciência com parceiros, e você faz bem em aguardar os próximos dias antes de se fiar em paixões e envolvimentos afetivos. É verdade também que hoje Vênus e Marte em ótimo aspecto favorecem o sexo e o romance. Só falta você se expressar com clareza!

agora, como diria o garrincha, só falta avisar aos parceiros...


renata, o cookie todo mundo quer comer!



taí a prova: todo mundo muito bem alimentado de cookies, alegre e sastisfeito.

pediram para eu sentar meu traseiro gordo e relatar a minha versão dos fatos para essa noite de sábado, dia do (programa de) índio. como eu NÃO TENHO UM TRASEIRO GORDO, deixo os fatos -e as fotos- falarem por si. pelo menos por enquanto.

eu já não tinha uma reputação a zelar mais, mesmo...

23.4.03

semana (nem um pouco) santa

enquanto estou sem tempo (e morrendo de preguiça) de relatar a estada da cariuoca na terra da garôa (e da chuva torrencial também), vocês podem ler direto da fonte.

por enquanto, a gente só queremos dizer duas coisas:

1. A PORRA DO PANO DE PRATO NÃO ENCOSTOU EM PARTE PUDENDA NENHUMA!!!

2. foi tudo muito lino!

to be continued... (ou não, como diria caetano veloso)


W.O.

a descida à prainha da puc já foi mais emocionante. mas tem sempre o dia de amanhã pra gente esbarrar em coisas boas. como olhos verdes, por exemplo.


22.4.03

roubos & furtos

a vida na pontifícia universidade católica de são paulo está cada vez mais movimentada. hoje, fui assaltada: me roubaram um beijo.
(não, não foi o par de olhos verdes. e eu ainda estou sem entender nada).


trocadalhos (ou: o país da piada pronta)

agora, a gente pode dizer sem medo que a economia do país está mal das pernas (a gente perde o leitor, mas a piada, não).


1984

impressionante as coisas que você descobre na internet hoje em dia...


19.4.03

dessa vez

é bom olhar pra trás
e admirar a vida que soubemos fazer.
é bom olhar pra frente


é bom, nunca é igual
olhar, beijar e ouvir cantar
o novo dia nascendo.
é bom e é tão diferente.


eu não vou chorar
você não vai chorar
você pode entender
que eu não vou mais te ver
por enquanto
sorria e saiba
o que eu sei:
- eu te amo.


é bom se apaixonar,
ficar feliz, te ver feliz me faz bem.
foi bom se apaixonar?


foi bom, e é bom e o que será?
por pensar demais eu preferi não pensar
demais dessa vez.
foi tão bom e por que será?


eu não vou chorar
você não vai chorar
ninguém precisa chorar
mas eu só posso te dizer
por enquanto
que nessa linda história
os diabos são anjos


eu não vou chorar
você não vai chorar
você pode entender
que eu não vou mais te ver
por enquanto
sorria e saiba
o que eu sei:
- eu te amo.


(dessa vez, nando reis, em homenagem a ela)


mudança

o mais importante, o par de olhos verdes conseguiu: comprovar que os ventos estão mesmo mudando de direção. depois de quatro meses, já era em tempo.


coelhinho do chopp

enfim: rolou aquele chopp, ô caralhodeasas!

isso é uma mulher poderosa!: se o chopp não vai até ela, ela vem até o chopp. eu até quebrei as regras e ingeri um alcuzinho. entre um causo do seu lunga, muitas gargalhadas e relatos sobre a biodanza, foi uma noite memorável, apesar de curta (ficaram com soninho...)


18.4.03

canção postal

diz pros amigos que eu ainda sei dançar. é estranha a sensação de voltar a viver, de novamente olhar para o mundo e esperar descobrir as coisas. traz liberdade e medo ao mesmo tempo. se as coisas e pessoas que achei que conhecia se mostraram tão estranhas, o que esperar do totalmente desconhecido? será que é isto a vida? esse desbravar diário? e não fica mais claro nunca, nunquinha?

ó, céus, não quero voltar ao modo perguntas!


através da janela

janela afora, a praça. seus habituais velhinhos e crianças e cachorros em banho de sol. um piquenique de jovens - nem tão jovens - com pinta de intelectuais. lêem sob uma mancha de sol, toalhas estendidas, peles muito alvas. lembra nova iorque, onde qualquer réstia de sol começa a ser prezada mui afetivamente nos primeiros sinais de primavera, ou mesmo atípico inverno. seria uma daquelas coincidências, ou apenas uma mudança na percepção?: um pouco mais à direita, um casal pratica o que meus recentes e parcos conhecimentos me dizem ser asthanga yoga. fazem a série de saudação ao sol, o surya namaskar, acho. ele tem boa prática, faz o adho mukha svanasana, único ásana cujo nome sei, com bom alinhamento, os calcanhares plantados no chão - os meus ainda não chegaram lá.

aqui dentro: pijama, renato braz, moreno e caetano veloso -transa, more often than not-, abraçando jacaré. leituras diversas, múltiplas, intercaladas, incompletas. sanduíche de atum, sexta-feira santa e preguiça. em paz com a casa novamente, será?


17.4.03

a volta do caralho

meio aos trancos e barrancos, este caralhodeasas voltou. ainda estamos aqui meio magoados com a indelicadeza do blogger, que confiscou nosso template e ainda nos proporciona dores de cabeça. mas, enfim, se é para o bem de todos e felicidade geral da nação virtual, digam ao blogpovo que o caralhodeasas fica!

em breve, relatos inúteis sobre o meu umbigo e sua visão de mundo.


16.4.03

um, dois, três, testando

alô, alô, espermentrando.


pequeno dicionário amoroso

hoje, conheci um par de olhos verdes.


lakjdshflasdkjfhadlkjfh pombo!


12.4.03

forma e conteúdo

estou me sentindo meio órfã, sem meu alter-ego croftiano alí do lado. pô, puta violência isto... nem dá vontade de escrever...

vai funcionar ou não, ô caralhodeasas?!?

11.4.03

censuraram o caralho

tô muito puta com esta porra de blogger, viu? não tem jeito, confiscaram meu template e eu sei -EU SEI- que foi o pentágono!!!

estou aqui tentando resolver, mas acho que só vai acontecer em alguns dias, quando eu tiver tempo de criar um novo template.

mas pelo menos consegui colocar os comentários de volta. por enquanto...

pé no saco!


10.4.03

roubaram o caralhodeasas

queridos amigos deste caralhodeasas,

por algum motivo ainda inexplicado, as criaturas responsáveis pelo complexo blogger/blogspot/google/putaqueospariu confiscaram o layout velho conhecido desta doutora strangelove/lara croft do agreste. não tem jeito, eles insistem em não publicar no antigo template.

para que não ocorram episódios de crises de abstinência de caralhodeasas nos queridos leitores, publicamos temporariamente num outro template sem muito charme e sem comentários. fazer o quê, se eles querem nos obrigar a fazer o upgrade para o blogger.pro?...

consternadamente,
dr. strangelove

puta que o pariu!!! devolve já, DE-VOL-VE MEU BLOG!!!

ô blogger filho da puta, devolve meu caralhodeasas!!!

8.4.03



tudo sobre minha mãe

saudamos o grande dia
que tu hoje comemoras
seja a casa onde moras
a morada da alegria
o refúgio da aventura
feliz aniversário!


minha mãe e a mãe de minha mãe entoam esta cançãozinha a todos os que fazem aniversário, que em minha família são sempre muitos, e que bom que seja assim. dia desses, ouvi a musiquinha, a única coisa que me emocionou em deus é brasileiro. lembrei da minha avó, sua serenidade e cabelos brancos, e de minha mãe, que às vezes pode ser tão parecida com ela, nem sei bem em quê.

hoje, gostaria de ter acordado minha mãe entoando essa música, que sei que ela gosta de pequenas demonstrações de amor, e encheria os olhos d'água, como eu. somos todos assim lá em casa, uns chorões, uns emotivos. não pude estar lá, mas a irmã providenciou os rituais, as flores e os floreios.

daqui, apenas o que posso: bits de amor à distância.

happy birthday, mãe.


desmanchar-me

apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme

(leminski)

aguardo pelo não mais que o charme ansiosamente. nós e tudo já são história. passado. irreversibilidade. tristeza é constatar que não posso fazer nada. se nada mais, saio sabendo uma coisa: eu tentei. eu.

aqui jaz um desejo.


7.4.03

da série trocadalhos

atendendo a pedidos. repita em voz alta:

RENATA, O COOKIE NINGUÉM ESQUECE!

eu perco a compostura, mas não perco a piada com minha própria cara. (risos)


a dor e a delícia (de ser frida)

continuo sem saber muito da vida de frida. hora e meia é muito pouco para alguém tão rico. assim mesmo, me encanta. e angustia. a questão que me persegue: requer muita coragem ser uma mulher forte, autônoma, que não aceita papéis e valores impostos, e que não se fortalece perdendo complexidade, se embrutecendo e adotando a mais abominável das estratégias de sobrevivência, a frieza. coragem para ser e enfrentar a dor.

não gosto de visões reducionistas. nego o reducionismo como visão de mundo, sua pretensão de síntese ignorando a dor e a delícia das pessoas, das coisas, das situações. gostaria de entender melhor a relação de frida e rivera. muito condescendente, a visão do bronco machista que se redime no final. não compro. assim como não compro o portrait de mulher inteligente, cuja fraqueza parece ser o amor. não são as únicas interpretações do filme. possivelmente, vêm à mente pela própria fragilidade do momento. ainda assim, há apenas outros poucos ângulos mostrados, e aí sua fraqueza como retrato.

de qualquer maneira, serve de inspiração para a vida (ainda que doa tanto).

ps.: e caetano cantando ao final do filme, coisa mais linda do mundo, lembrá-lo trêmulo naquela festa estranha e com gente esquisita, aquele academy awards. há mais beleza na voz e no nervosismo de caetano que em boa parte dos estados unidos.


6.4.03

xarope que desentope pia

tia rita lee jones, no saia justa desta semana (o assunto era "boicote", a histérica da fernanda young dando piti, dizendo que boicote era ridículo blablabla, a outra histéria da marisa orth dizendo que tinha que fazer boicote, sim, e a monica wald-whatever(1), com sua objetividade jornalística, se atendo aos fatos, aos fatos), na sua sábia tranqüilidade de quem tudo viu, tudo conhece, tudo pode:

- e coca-cola, gente? vocês vivem sem coca-cola? não, porque coca-cola é um xarope que desentope pia... e eu gosto!

diante das palavras do grande deus, eu calo (e uso a boca para beber coca-cola. vai discutir?)

NOTA
(1) vou manter a escritura, mas será a última vez que chamo uma mulher de histérica. pensando bem, é puro preconceito. ninguém chama homem de histérico. é uma denominação machista que eu não vou mais perpetuar. aliás, chamam-se homens de histérico, sim: aquela bicha histérica. eu, não. não mais.


5.4.03

o lado quente do ser

Eu gosto de ser mulher
Sonhar arder de amor
Desde que sou uma menina
De ser feliz ou sofrer
Com quem eu faça calor
Esse querer me ilumina
E eu não quero amor nada de menos
Dispense os jogos desses mais ou menos
Prá que pequenos vícios
Se o amor são fogos que se acendem
Sem artifícios
Eu já quis ser bailarina
São coisas que não esqueço
E continuo ainda a sê-las
Minha vida me alucina
É como um filme que faço
Mas faço melhor ainda
Do que as estrelas
Então eu digo amor chegue mais perto
E prove ao certo qual é o meu sabor
Ouça meu peito agora
Venha compor uma trilha sonora prá o amor
Eu gosto de ser mulher
Que mostra mais o que sente
O lado quente do ser


(o lado quente do ser, marina lima e antônio cícero)

a primeira vez que ouvi essa música foi lá na barra nova, uma praia então pouco habitada do litoral leste do ceará, há mais de 10 anos(1). andávamos de buggy, minha amiga magic G, seu sorriso farto, me apresentando à riqueza de ser mulher, nos versos do bom poeta antônio cícero e sua irmã, marina lima, meus primos distantes.

assino embaixo.

NOTA
(1) quando a gente começa a contar causos medidos em décadas, não tem pra onde fugir: PVC (ou a boa e conhecida Porra da Velhice Chegando).


4.4.03

provérbios

há uns 10 anos, aprendi nos estados unidos -logo nos estados unidos- o seguinte provérbio árabe: eu contra meu irmão; eu e meu irmão contra meu vizinho; eu, meu irmão e meu vizinho contra o estrangeiro. esses dias, entre uma imagem e outra da guerra -a do oriente médio, não a nossa-, e lendo as indagações sobre a "inexplicável" resistência iraquiana ao "exército da libertação", lembrei deste dito.

pra mim, está tudo muito claro.


interações urbanas

-e aí, gostou?, me perguntou a vendedora de anéis de prata que fica na frente da puc. eu havia gostado, parecia o anel que havia perdido na última desgraça etílica do refeitório uma, há alguns meses. respondi que sim, meio evasiva, pensando com meus botões se aquela despesa era justificada. - quer saber? vou levar. estou merecendo, disse, mais para mim mesma. começo de ano difícil?, perguntou ela, olhando pra mim. respondi que sim, sem muito entusiasmo. havia acabado de voltar para são paulo, depois do pior janeiro dos últimos 27 anos. - meu final de ano ano foi horrível, ela continuou, contando sua própria vida. é engraçado como você pode passar um ano inteiro com uma pessoa e, de repente, ter a sensação de que não a conhece...

foi ela quem disse isso. ela. deixei minha discrição e ceticismo de lado e comecei a prestar atenção. ela falava coisas com pouca narrativa, parecia não fazer questão de ser muito clara: mas sabe o que é que eu acho? que uma pessoa que parte pra outra assim, desse jeito, como se nada tivesse acontecido, está fingindo, se enganando. era claríssima, olhando pra mim, seus olhos claros, azuis ou verdes, muito expressivos. tive que concordar. àquela altura, já estava surpresa o suficiente, pensando em como o acaso nos proporciona encontros inusitados. e seguimos falando, eu já me sentindo mais à vontade para concordar e até falar algumas coisas, ainda que vagas.

seguimos, os relatos semelhantes. eu a ouvi falar sobre a solidão de seu reveillon, e sobre como no dia 3 de janeiro, ela levantou da cama decidia a mudar a própria vida. eu ouvia, concordando, muito mais para mim mesma, pensando nas inusitadas semelhanças. eram meias palavras, diziam muito sem dizer exatamente o quê. uns 15 minutos de conversa. nos despedimos, desejando sorte mútua. eu levei o anel, afinal, merecia. ela concordou. mas não fez desconto. nem eu pedi.

anteontem, na minha última ida à puc, passei em frente à banquinha de anéis e brincos de prata. desde o episódio, nos cumprimentamos cordialmente, um aceno e um sorriso de insuspeitada cumplicidade. anteontem, quando passei acenando, ela perguntou, eu já quase ao longe: e aí, melhorou? parei. virei e disse que sim -o que é muito verdade- e retribuí a pergunta. sim. não vou dizer que cem por cento. mas uns oitenta, oitenta e cinco, ela respondeu sorrindo, levando a sério. cada dia melhor, confessei, mais em busca de cumplicidade do que para informar. sorrimos. me despedi e segui meu curso para o restaurante, pensando em como esses pequenos encontros, no meio do caos urbano que é são paulo, podem ser reconfortantes. e no fundo, acho que é isso que a gente passa a vida inteira buscando. cumplicidade. das mais insondáveis maneiras.


3.4.03

da série os astros

librianos, alegrai-vos:

Você já sabe, a vida não continuará a mesma de sempre, e isso, apesar de triste, é sinal de bem-aventurança. Logo a tristeza passará, se você não a transformar em cinismo, e o panorama feliz voltará a surgir, irresistível.
(o bom e velho quiroga, folha de sp, hoje)

se a ciência e a psicologia falharem, há sempre a crença no improvável para me levar adiante. ah, os prazeres da auto-indulgência...